Teresa Almeida

Talêgo Alentejano

Talêgo Alentejano

Talêgo Alentejano e não só

Talêgos, taleigos, mântica, sacos de pão, alforge, foles, patrona, bornal, bolsa. Estes nomes fazem parte da nossa memória um pouco por todo o país, presentes no uso comum doméstico. Originalmente feitos de retalhos contavam histórias de quem os cosia: um resto de tecido da camisa ou do avental, um pedacinho da camisa de dormir, um retalho do cortinado ou de um pano de mesa em desuso.

 

Com as funções específicas de guardar e transportar coisas, os talêgos permitiam (e continuam a fazê-lo através do artesanato contemporâneo), o aproveitamento de restos de tecidos e trapos, sendo uma excelente forma de reciclar e confeccionar peças únicas.

Os mil e um usos

A versatilidade do talêgo é bem conhecida por Portugal fora. Crescemos a ver os talêgos a servir para guardar quase tudo, desde o pão, ervas aromáticas, algodão, os lanches e até os livros escolares. 

 

“As chamadas bolsas de trapo tiveram grande importância no século passado em todas as casas, mais ainda na zona rural. O feijão era guardado em bolsas para não se estragar, assim como o grão, as ervilhas, etc. Ali, na bolsa, transportavam o pão e o conduto quando precisavam. O chá, as ervas aromáticas também tinham a sua bolsinha. Uma pequeníssima bolsinha atada com um cordel era a carteira dos negociantes menos abastados da época. Então, em todas as casas, a mulher juntava os trapinhos e fazia bolsas para o governo da casa. Servia também de mala ou mochila quando se deslocavam à cidade. Quando o mancebo ia cumprir o serviço militar era numa bolsa grande que levava a roupa e tudo mais. A bolsa tinha, e tem, uma elevada importância para guardar e transportar o pão. As noivas tinham de ter uma ou duas bolsas no enxoval, diziam que dava sorte. Os tempos passaram e hoje queremos que ela volte a ser importante, a utilização de tecidos de algodão ou linho nos objetos quotidianos é benéfico para a saúde de todos nós” 

 

Maria José Torres, Artesã, associada da ASTA – Associação de Artes e Sabores de Tavira

Um Embaixador da Trapologia

Antes de mais, para que se entenda como o talêgo representa a Trapologia, importa defini-la. 

 

A técnica secular da Trapologia, apelidada nos tempos modernos de ‘patchwork’, é a arte de juntar ou reaproveitar os restos de tecidos, ou panos já usados, dando-lhes uma nova utilização, transformando-os em peças novas, úteis, como colchas, almofadas, pegas ou os famosos talêgos.

 

Hoje, a técnica mantém-se, mas o resultado é bem diferente, pois a variedade de peças depende apenas do limite da criatividade da artesã.

 

Cortado em pedaços, de formas variadas, o tecido é unido de forma a dar vida a malas, algibeiras, cintos, sacos, echarpes, tapetes, almofadas, colchas, e tudo o mais que a imaginação possibilitar.

 

O talêgo tradicional ainda é visto diariamente um pouco por todo o Alentejo, muitas vezes vendido em padarias, ideal para transportar pão quentinho (não derrete como o saco de plástico nem faz o pão “suar”), e durante o feriado do Dia de Todos os Santos, quando grupos de crianças vão de porta em porta pedir o Bolinho, cada um munido do seu taleguinho.

 

Fonte de inspiração para peças modernas, de uso doméstico ou pessoal, o saco dos mil e um usos nunca saiu de moda, pois como bom embaixador que é, reinventou-se e tornou-se contemporâneo. 

Fontes: Trajes de Portugal; Museu Municipal de Tavira; Museu Nacional de Etnologia; Oficina de trapologia de Cargaleiro; Tradição Portuguesa

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